
O fim do colegial é sempre uma coisa muito marcante. Tudo vira nostalgia, cada minuto fica guardado na memória. A partir daí, os amigos vão desaparecendo aos poucos, cada um vai seguir sua vida, de alguns não se têm mais notícias.
Como em toda minha vida estudei em quatro colégios diferentes - dos quais o último permaneci da 6ª série até o último ano - tenho consideráveis "amigos" de infância. Raramente os encontro, e quando isso acontece, não nos reconhecemos. Afinal, como dizem, eu mudei muito da 5ª série pra cá.
Porém, hoje, na volta do supermercado, encontrei um desses velhos amigos, que há muito não via muito menos trocava palavras. Do contrário dos demais, esse era um amigão mesmo. Éramos como unha e carne, uma dupla dinâmica, e foi inevitável nos reconhecermos instantaneamente. Mas ao encontrar alguém que você não vê a muito (muito!) tempo fica aquele climinha meio constrangedor. A única coisa que une a gente é passado, mas o passado já passou. A conversinha começa em torno de umas perguntas como "e aí, tás fazendo o quê da vida?!", emenda com algumas recordações de alguma presepada infantil:
"- Lembra daquele dia que a gente fugiu da casa de D. Cicraninha porque fomos pegos roubando manga?
- Fooooi, e Fulaninho ainda levou um baque do muro e quebrou o braço!
- Nesse dia eu quase morri de tanto medo, cheguei a fazer xixi nas calças...

Depois volta a conversa atualizada; umas fofocas sobre o que amigos ou amigas em comum andam aprontando atualmente:
"- Rapaz, Fulana casou!
- E foi?!
- Foi, mas já se separou. HAHAHA
- E Cicrano virou pai dia desses..."
Aí o assunto vai morrendo, as sacolas começam a pesar, os compromissos voltam à mente, o relógio mostra o tempo que você está perdendo ali, e tudo termina com um:
"- Olha, vou lá, tenho que ir agora... Vamos marcar de sair qualquer dia desses!
- Ok, vamos mesmo!"
E você termina voltando pra casa com a mente cheia de lembranças, nostalgia à flor da pele, e fica pensando nos bons tempos. Aí, algumas horas depois, tudo volta ao normal, vocês não trocaram telefone, passa o tempo e vocês não marcaram de sair, e agora só Deus sabe quando vão se encontrar novamente.
E tudo o que lhe resta são lembranças. Lembranças e saudades de um tempo que não volta mais...